O
diário de uma Estudante...
Querido diário virtual
durante minha jornada na Universidade tive diversas experiências prazerosas, e
ao chegar no 6º semestre não poderia ser diferente. Escolhi para compor a minha grade uma
disciplina denominada Educação Étnicos Raciais; lembro que no primeiro dia de
aula, após a realização da apresentação do professor Eric Maheu ele lançou uma
pergunta à turma sobre o conceito de Etnocentrismo, que me fez recordar do meu
1º Semestre na UNEB, ao qual tive o prazer de estudar este conteúdo na
disciplina de antropologia. Fazendo um resgate do que foi discutido em sala o etnocentrismo:
É quando olhamos a cultura do outro a partir da nossa própria lente cultural, gerando
assim uma conclusão preconceituosa, pois um grupo étnico sempre vai se
considerar superior ao outro. E para cada um, uma ideologia contraria a sua é
considerada uma espécie de afronta, ameaça. Sabemos que o etnocentrismo é um fenômeno
que ocorre em todos os setores da sociedade e foi responsável por grandes
conflitos mundiais, e na escola não poderia ser diferente, pois a mesma é
composta de vários grupos, com hábitos, costumes e culturas diferentes, diante
dessa questão encontra-se o desafio do professor em passar o conhecimento se
despindo das suas crenças e valores, vencendo seus conceitos pessoais
promovendo a inclusão que respeite de fato as diferenças para um melhor convívio
na comunidade escolar.
Após esta discussão o professor pediu para que
escrevêssemos no papel o conceito de raça, identidade e etnia. Palavras tão
ouvidas, mas ao serem refletidas provoca certa confusão na mente. Lembro-me que
descrevi identidade como um conjunto de caracteres que define uma pessoa. Já
raça e etnia, causou certo desconforto por não saber diferenciar corretamente,
mais me arrisquei definindo raça como uma definição da raça humana, e a etnia
como um povo que tem o mesmo costume, tradição, língua e comportamento. Após
entregarmos os papéis com as nossas definições, o professor pediu para que fizéssemos
um circulo na sala e perguntou se já sofremos algum preconceito. Foi um momento
muito interessante, logo de inicio ao ser perguntado não lembrei nenhuma
situação comigo, contei a história de um amigo de infância que era abusado
pelos vizinhos por ser muito branco sendo chamado de côco. Mais ao ouvir os
meus colegas, fui me lembrando de situações que não tinha percebido que
existiam em mim, me sentia constrangida, diferente, quando frequentava lugares típicos
de pessoas brancas, um desconforto que não deveria existir. Até porque os
lugares são criados para serem frequentadas por pessoas, e não a sua cor.
Diante dos relatos, percebi que mesmo não sofrendo nenhum ato racista, de forma
indireta temos a nossa mente violentada pelo racismo, e essa consciência foi
sendo descortinada naquele período.