segunda-feira, 13 de junho de 2016


Quem é o negro?  Quem é o Branco?

A aula teve inicio com um vídeo demonstrando situações racistas e a mistura entre raças publicados na internet, ouvimos também uma música de Elza Soares : A carne;  que traz uma forte reflexão sobre a condição do negro no Brasil, percebemos que o preconceito aqui é fenotipicamente elaborado, ou seja através da cor da pele, cabelo e traços faciais. A música traz tristes dados estatísticos e verdadeiros. Vemos essa evidencia quando olhamos para as pessoas que compõem os subempregos, os presídio, os hospitais psiquiátricos e que apresenta um maior grau de analfabetismo.

O negro acaba se tornando vitima de todos os males, pois é a carne mais barata, por esse motivo é a que sobra em todos os aspectos.

Essa ideia de inferioridade ainda reflete no Brasil atual, vemos o negro na base da pirâmide hierárquica, como a classe subalterna que serve a uma minoria dominante, e essa é uma enfermidade que lutamos para combater.

Diante dessas reflexões falamos sobre o conceito de genocídio que é um termo  criado como um conceito específico para designar crimes, assassinatos que têm como objetivo a eliminação da existência física de grupos nacionais, étnicos, raciais, religiosos.  

Ressaltamos também o conceito de etnocidio , que foi introduzida recentemente para qualificar a imposição forçada de um processo de aculturação a uma cultura por outra mais poderosa, destruindo assim os seus valores sociais e morais tradicionais da sociedade dominada, à sua desintegração e, depois, ao seu desaparecimento. Exemplos disso foi o que fizeram com os negros ao chegarem no Brasil, que só podiam cultuar ao seus orixás de forma disfarçada substituindo o nome deles por nomes de santos. Isso foi um processo de aculturação.

Diante desses impasses, acredito que  a educação deve ser um meio de reparação desse mal do século que nos atormenta, ela é a arma mais poderosa para conscientização dos indivíduos e para a promoção de mudanças.

Mais o que fazer quando está educação falha¿ Quando o racismo penetra de forma fantasiada nas nossas escolas, e começamos a criar justificativas para o não avanço do desempenho daquele determinado grupo de alunos. Com base em uma pesquisa realizada em uma escola foi verificado que o desempenho dos alunos denominados brancos era maiores.

A discussão não acaba por aí, durante a metade do século XIX, e a primeira metade do século XX vigoraram em várias partes do planeta teses eugenistas, que defendia a ideia de que o homem branco Europeu tinha o padrão da melhor saúde, beleza e inteligência comparada as demais raças. E nesse período algumas leis brasileiras incorporaram essas teses e derivaram outra aplicável a sua situação como a Lei do branqueamento que abriram as portas do Brasil para imigrantes brancos como Italianos, Canadenses e etc; a fim de misturar as raças para que a prole ficasse cada vez mais branca, e assim limpasse a barriga da nação. Termo pejorativo até hoje utilizado para se referir a uma criança que provavelmente nascerá com a pele escura.

A escola é um ambiente de oportunidades e não classificação, não deveria existir estereótipos para alunos bons e ruins. Deveria sim existir um local de igualdade, desenvolvimento humano e construção de identidades. Formando cidadãos críticos e bem informados para que assim atuem de forma positiva no mundo que estão inseridos. 

Então com base em todos esses conceitos, acontecimentos, vídeo e  música podemos perceber o quão sorrateira é a discriminação, e como ainda se faz presente em nosso meio. Descobrindo os sintomas poderemos combatê-la.
Antropologia Social

É um ramo da Antropologia que estuda o homem e suas questões sociais.  Nesta aula discutimos conceitos muito importantes como: Eugenismo, eutanásia, monogenismo e poligenismo. Segue abaixo os seus respectivos significados.

Eugenismo: Ciência que estuda as condições favoráveis à manutenção e preservação da qualidade da espécie humana. Surgiu a partir das ideias de Francis Galton que tinha como finalidade estudar as condições mais propícias a reprodução e melhoramento da raça. Essa tese de Galton foi baseada após as descobertas de Mendel, com o famoso cruzamento da ervilha onde ele verificou a existência de genes que dominavam, e de genes recessivos. E o reflexo deste cruzamento nos genes definiam as características externas denominadas de fenótipos. Outra teoria que também serviu de respaldo para a Eugenia foi à teoria das espécies de Darwin (onde os mais aptos sobrevivem na natureza). Este estudo tinha por fim melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente, e foi completamente abraçada pelos nazistas no episodio do holocausto, que tinha como meta acabar com todas as raças ditas inferiores, e deixar viva somente a raça pura (Ariana).
Eutanásia: Palavra de origem Grega que significa “morte sem dor” ou “boa morte”, tem por objetivo reduzir o tempo de vida de um paciente que se encontra em estado terminal.
E por fim vamos relembrar conceitos que já citamos neste blog como: Monogenismo é a hipótese segundo a qual a humanidade constitui uma única espécie, descendente de um ancestral comum. (Como hipótese ou teoria científica, o monogenismo tornou-se largamente aceito a partir de meados do século XIX, em decorrência da teoria darwiniana da evolução, sendo também um princípio hoje praticamente inquestionado da antropologia social e cultural.)
 E o poligenismo: É a hipótese segundo a qual a humanidade não tem uma origem comum, sendo que os diversos grupos humanos pré-históricos ou as supostas raças da humanidade atual descendem de espécies distintas. (O poligenismo, corrente difundida principalmente no século XIX, tornou-se obsoleto com a aceitação da teoria darwiniana da evolução).
Está foi uma aula muito interessante podemos discutir situações como Aparthaid, nazismo, que se apropriaram de alguns conceitos citados acima para cometer atrocidades.  


domingo, 12 de junho de 2016

 Racismo e anti- Racismo no Brasil   

Nesta aula falamos sobre o racismo no Brasil e o seu modelo de hierarquização, que faz com que algumas pessoas se aproveitem do poder que lhe é constituído, para oprimir o outro. Diante disso vale a pena falarmos um pouco desta história.
Bem, no Brasil diferentemente de alguns países compostos de apenas uma etnia, como no caso dos muitos países europeus a utilização do termo raça não está incluída no vocabulário erudito, sendo utilizado com frequência pelos grupos do movimento negro, onde as pessoas que limitam se sentem discriminadas por sua cor e aparência física.  O conceito de raça por alguns estudiosos era usado somente sob uma perspectiva biológica, que atribuía a utilização do termo às situações nas quais era importante evidenciar diferenças advindas de fenótipos, que se baseiam em argumentações genéticas e naturalistas. A priori o termo raça era utilizado para classificar os animais, como cães e etc. Mas tarde o conceito de raça adquiriu sentido biológico passa a ser usado para caracterizar as espécies de seres humanos, caracterizando-se posteriormente a isso como um termo utilizado para apresentar as subdivisões da espécie humana diferentes apenas porque os membros estão isolados dos outros indivíduos pertencentes à mesma espécie. Após a segunda guerra mundial os fenótipos físicos ganham sentido social por meio de crenças, valores e atitudes. O debate sobre conceito de raça bem como relações raciais, estreitou-se com o passar do tempo.
O racialismo, surge justamente como a doutrina na qual o mesmo acredita como importante recorrer, entendendo que a mesma facilitará a compreensão dos casos teóricos e metodológicos das relações raciais. O racialismo trata de uma essência racial que para além de características físicas compreende características sociais como cultura e utiliza diferentes regras para traçar filiação e pertença grupal a depender do contexto histórico, demográfico e social. Sendo assim o conceito de raça não faz sentido senão no âmbito de uma ideologia ou teoria taxonômica.
O racismo está atrelado a nossa estrutura de sociedade hierárquica que utiliza-se de um conceito naturalista para estabelecer as diferenças socioculturais que permeiam o contexto da realidade brasileira . Por esse motivo o conceito de raça e racismo deve ser vistos sociológica e não biologicamente.
Por acreditar estar vivendo numa democracia racial, o racismo no Brasil se caracterizou como um tabu. Ficou em evidencia como a cor da pele bem como as tonalidades da mesma, sempre foi usado no país levando em consideração o contexto histórico prático no cenário político brasileiro.
Foi constatado que no Brasil ser negro não era determinado pelo sangue, mas prioritariamente pela cor da pele que estava diretamente ligada com classe e o status social. Quanto mais escuro, “preto”, mais pertencente a “ralé”.
O racialismo trata de uma essência racial que para além de características físicas compreende características sociais como cultura e utiliza diferentes regras para traçar filiação e pertença grupal a depender do contexto histórico, demográfico e social.
Com a substituição da ordem escravocrata por uma ordem hierárquica, a cor passou a ser uma marca de origem, um código cifrado de raça como dito acima e cedeu lugar, depois da independência do país, à ideia de nação mestiça, cuja cidadania dependia do lugar de nascimento e não de ancestralidade. No Brasil o sistema de hierarquização social consistia em gradações de prestigio formadas por classe social, origem familiar, cor e educação formal. Sustenta-se e reforça-se assim a ordem escravocrata na qual: branco está para elite e povo está para negro. Pode-se dizer que no Brasil o “branco” não surgiu pela mistura étnica de povos europeus, como ocorreu, por exemplo, nos Estados Unidos; muito pelo contrario considerava-se branco também os mestiços e mulatos claros, que podem exibir os símbolos dominantes dos europeus, que tenha formação cristã e o domínio das letras.
A nação brasileira foi concebida sob uma conformidade cultural em termos de religião, raça, etnicidade e língua. O racismo brasileiro nesse contexto, só poderia ser heterofóbico.  Tal racismo originou-se durante o período pré republica no qual associa um determinado grupo por cor/ regionalidade a uma classe subalterna e/ou inferior. As políticas públicas no país advinda de uma elite racista que se orgulha dos “avanços” alcançados pelo país, muitas que vezes mascaram um racismo por traz de uma política antirracista. Hoje nós vemos a má utilização do termo raça que passou a significar no país “garra”,“força” e “preconceito”.

Por fim fica evidente que a teorização de raça serve como instrumento apto no Brasil para revelar condutas políticas equivocadas que perduram o cenário brasileiro. As influências de uma história sutilmente segregadora que ainda não foi banida da nossa atualidade uma ordem hierárquica ; pelo contrário tal ordem se mantém por meio de normas e leis baseadas em uma pseudo igualdade entre os indivíduos.




Resumo do Texto: O Racismo científico da teoria a Prática


A medida que a escravidão moderna se desenvolvia e se intensificou principalmente nos séculos XVII e XVIII, surgiram estudiosos que defendiam a manutenção da escravidão ou o seu fim. No entanto, o que nos interessa foram aqueles que passaram a desenvolver teses para justificar que a escravidão era pautada por preceitos "científicos", nos quais a "raça superior" deteria o "direito" de governar as "raças inferiores".

No século de XVI os homens passaram a atribuir nomes a animais e plantas para identificá-los e diferenciá-los entre si. E com essa revolução e renascimento Cultural que os estudos na botânica zoológica começaram a se desenvolver até se tornarem Ciências, e assim surge a taxonomia ( técnica de classificação dos seres vivos), idealizada por Carlos Lineu, que no inicio classificava animais e plantas e depois inclui o ser humano como pertencente a família dos primatas mamíferos e etc.    

No século XVIII Johann Friedrich Blumembach, lança sua tese intitulada como a variedade nativa da raça humana. Essa obra fazia um estudo do volume do crânio de diferentes seres humanos, e que isso seria uma prova da existência de varias raças humanas: caucasoide (brancas), mongoloide (amarela), malaia (marrom), etiópica (negra) e americana (vermelha).

No século XIX Joseph Arthur, lança uma obra intitulada de Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas, onde ela defendia a ideia da superioridade da raça branca, pois a mesma foi responsável e fundamental para o desenvolvimento das maiores civilizações humanas.  Por esse motivo o “homem branco” era naturalmente dotado de intelecto superior, se comparado a outras raças. Gobineau também afirmava em sua tese que a miscigenação racial foi um grande mal para a humanidade, daí nações onde predominavam indivíduos oriundos do cruzamento entre brancos, amarelos, negros e pardos estavam fadadas ao atraso civilizador, cultural, social e moral. Pois a miscigenação gerava indivíduos fracos e geneticamente inferiores, principalmente em termos cognitivos e morais (SOUSA, 2013, p. 24).

Gobineau, defendia que as grandes civilizações entraram em colapso, porque teriam se misturado a “raças inferiores". Pensamento este que foi reaproveitados pelos nazistas como forma de justificar a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), e a política antissemita defendida por Adolf Hitler, no que resultou no hediondo Holocausto dos judeus. Hitler pensava que a Alemanha só poderia tornar-se definitivamente uma potência mundial, quando expurga-se as raças inferiores que atrasavam o desenvolvimento da nação. 

Gobineau também chegou a dizer que nações bastantes miscigenadas como o Brasil, estariam destinadas a serem extintas, pois era um povo inferior. Ironicamente, o mesmo era amigo do imperador D. Pedro II, o qual embora não concordasse plenamente com as ideias do conde, ainda assim, continuou a ser seu amigo por vários anos e até o convidou para ser ministro da França no Brasil, em 1869 (SOUSA, 2006, p. 1).             Quatro anos se passaram e o botânico Charles Darwin, lança o seu livro a origem das espécies. Com a obra que abalou a sociedade a descendência do Homem e Seleção em relação ao sexo, que apresentou sua hipótese da evolução da espécie humana, mas sem adentrar propriamente o debate racial. Essa teoria é reforçada com a descoberta do fóssil do homem de Neardental, que foi considerado um homem primitivo, titulado uma espécie diferente, o que se mostrava como fundamento para a teoria Darwinista. "Nos tempos de Charles Darwin tornara-se usual hierarquizar as raças humanas  em função de suas capacidades intelectuais e explicar as realizações culturais e econômicas dos povos a partir de potencialidades raciais. Contudo, no século XIX, ninguém se entendia sobre a própria classificação racial e tentavam classificar de acordo com as suas ideias.

Em meados do século XIX há um grande embate ao pensar a origem do homem.  De um lado, a visão monogenista, influenciou a maior parte dos pensadores que acreditavam que a humanidade era una.  O homem, segundo essa versão teria se originado de uma fonte comum,sendo os diferentes tipos humanos, apenas um produto "da maior degeneração ou perfeição do Éden" . Nesse tipo de argumentação vinha embutida, por outro lado, a noção de virtualidade, pois a origem uniforme garantiria um desenvolvimento (mais ou menos) retardado, mais de toda forma semelhante. Pensava-se a humanidade como um gradiente - que iria ao mais perfeito (mais próximo do Éden) ao menos perfeito (mediante a degeneração) -, sem pressupor, num primeiro momento, uma noção única de evolução". (SCHWARCZ, 1993, 48).

O pensamento monogênico era bastante influenciado pelas ideias cristãs, de uma origem edênica, no entanto, como observado na citação acima, o preceito da degeneração como vetor de um atraso já se encontrava presente. A partir da obra de Gobineau e Darwin, a tese poligênica passou a ganhar maior reputação, pois a evolução biológica proposta por Darwin, tornou-se um forte embasamento, para respaldar as disparidades físicas e sociais vistas entre distintos povos do mundo (SCHWARCZ, 1993, p. 48).

Não obstante, ainda no século XIX as ideias evolucionistas de Darwin, passaram a serem conhecidas como darwinismo, acabaram sendo usadas por outros estudiosos para dar origem ao chamado darwinismo social, cuja linha de pensamento procurou implantar nos estudos sociológicos, antropológicos, geográficos, arqueológicos e históricos a concepção de "evolução social e cultural". Essa nova perspectiva via de forma pessimista a miscigenação, já que acreditava que não "se transmitiriam caracteres adquiridos", nem mesmo por um processo de evolução social. Ou seja, as raças constituiriam em fenômenos finais, resultados imutáveis, sendo todo cruzamento, por princípio, entendido como erro. As decorrências lógicas desse tipo de postulado eram duas: enaltecer a existência de "tipos puros" - e portanto, não sujeitos a processos de miscigenação - e compreender a mestiçagem como sinônimo de degeneração não só racial mas como social". (SCHWARCZ, 1993, p. 58).
Com base na teoria da seleção natural, procurou-se dizer que o desenvolvimento dos povos deveu-se a forma de como eles se adaptavam as mudanças do mundo, fossem de ordem natural ou humana; por tal pensamento, os povos atrasados eram os menos aptos a sobrevivência, estando vulneráveis a serem assimilados ou destruídos por "culturas mais sofisticadas".                                                                                               

Tal ideia embasou as políticas imperialistas do século XIX e começo do XX, como uma das justificativas para se manter a colonização nas Américas, África e Ásia, pois as "nações europeias" que era "superiores", estavam "salvaguardando" as "nações inferiores", pois estas "naturalmente" se encontravam em um "estágio atrasado", e não possuiriam os "meios para se desenvolverem" e acabariam fatidicamente se "auto-aniquilando", ou "causando males a outras nações".

Mesmo com o fim da escravidão na Europa, já na segunda metade do século XIX, as expedições realizadas pelos nobres e ricos burgueses às Américas, África e Ásia, ainda se mantiveram, e embora não se capturasse mais escravos, não significava que não se pudesse "caçar pessoas" para servir de cobaias para as pseudociências da época; servir de espetáculos para circos, zoológicos, feiras, festas, etc., ou por mero esporte.


Entre as décadas de 1890 e 1950 houve na Europa, América do Norte, Ásia e África, zoológicos que exibiam seres humanos. Hoje isso pode soar como ficção, como algo impensável, mas não faz cem anos que zoológicos pararam de exibir pessoas em jaulas. O auge dos zoológicos humanos se deu entre 1890 e 1930, sendo um grande espetáculo na época, chegando a atrair milhares de pessoas para verem aquelas exóticas criaturas que pareciam ser gente. Essa pratica repercutiram até o século XX onde não era incomum encontrar ameríndios, africanos e asiáticos sendo expostos como atração, vemos isso no filme Vênus Negra de forma explicita. Através desses fatos podemos perceber um pouco da historia do racismo, que vigorou por 100 anos , e que embora estejamos no século XXI, sentimos os seus reflexos.




Menina Africana sendo exibida no zoológico


DARWIN, Charles. A Origem das Espécies. Tradução de André Campos Mesquita. São Paulo, Editora Escala, 2009.
MAGNOLI, Demétrio. Uma gota de sangue: história do pensamento racial. São Paulo, Contexto, 2009. (Capítulo 1: Uma história do sangue).
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil, 1870-1930. São Paulo, Companhia das Letras, 1993. (Capítulo 2).
SOUSA, Ricardo Alexandre Santos de. O Conde de Gobineau e o horror à ambivalência. Usos do Passado - XII Encontro Regional de História, ANPUH/RJ, 2006, p. 1-6.
SOUSA, Ricardo Alexandre Santos de. A extinção dos brasileiros segundo o Conde de Gobineau. Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, jan/jun 2013, p. 21-34. 




Racismo no Mundo

Durante três semanas consecutivas, trabalhamos com o tema Racismo em aula. Discutimos o conceito de Raça, miscigenação, as divisões feitas na sociedade e sobre o racismo na Escola. Vimos que a desigualdade social existe no mundo há muito tempo, e que os povos antigos já escravizavam seus semelhantes ou outros povos, alegando o direito do mais forte governar sobre o mais fraco. Essa escravidão se dava na expansão de território, extorsão de riquezas e etc. Ao refletirmos na aula sobre os aspectos históricos que permeiam o racismo, tive a curiosidade de aprender mais sobre o tema e fui consultar na biblioteca Virtual (Edmodo) fornecida pelo professor, lá pude encontrar um texto longo, mas rico que aborda a história do racismo cientifico, ressaltando de forma breve as teorias raciais que surgiram amparadas pela ciência a fim de reforçar a ideia de que qualquer outra raça que não fosse branca é vista como inferior. Espero que vocês se deliciem com o resumo dos trechos mais importantes que fiz acerca do texto, pois este artigo é sem dúvida a base teórica de tudo que discutimos em sala.


Quem sou eu?

Somos capazes de nos definirmos porque nos diferenciamos. Na convivência definimos nossa identidade pessoal na medida em que nos diferenciamos do outro. Nesta aula o professor trouxe a tona o conceito de identidade, aprendemos que a mesma significa a consciência que temos de nós mesmo. Eu sou eu e minha circunstancias: "Sou o que sou, pois não sou o outro. É um individuo que tem consciência do seu ser".
Assim a identidade pode ser denominada como dinâmica, pois hoje posso ser uma coisa e amanhã outra dependendo da conjuntura (circunstâncias) que estou inserida. Por esse motivo identidade assume um conceito coletivo a antropologia, portanto se coloca a questão da identidade – o que é especifico de uma cultura – em busca dos elementos que a tornam diferente das demais sociedades com as quais se relaciona ou sobre a interferência e interação entre os grupos sociais. O ponto de partida é a constatação das diferenças. Entretanto, não se pode dizer que o ponto de chegada seja a identidade, pois o que identifica algo ou um grupo social, pode não ser, exatamente  sua diferença, mas a constatação de que não existem sociedades puras, pois todas estão de alguma forma conectadas com outras sociedades. E nessa interconexão prevalecem os processos de interação.


terça-feira, 7 de junho de 2016

Um Giro Cultural em Salvador

Visita ao Museu Afro- brasileiro

O espaço onde se localiza o Museu Afro já foi no século XVI a Escola dos Jesuítas e no século XVIII com a expulsão dos jesuítas da Bahia, o espaço passou a ser a primeira escola de medicina do Brasil. Tal espaço foi fundado por Valentin Calderon, além de ser responsável também pela fundação do curso de Museologia da Universidade Federal da Bahia.
Na visita realizada ao Mafro, pode-se constatar a presença de objetos que representam traços das culturas africanas. Foi possível perceber a riqueza cultural e desmistificar conceitos que são construídos com o passar dos anos com base no desconhecimento de determinadas práticas culturais de um povo. Através de suas exposições permanentes, temporárias e itinerantes, o Museu consegue apresentar as particularidades de uma nação que é constantemente desvalorizada e marginalizada por nossa sociedade.  
Além de apresentar as particularidades da sociedade africana, a Universidade Federal da Bahia mantém também o Museu de Arqueologia e Etnologia, que se localiza juntamente com o Mafro na antiga sede da escola de medicina da UFBA, onde estão expostos instrumentos que se relacionam com as culturas indígenas presentes no Brasil.
Sabendo disso, neste primeiro momento serão apresentados fatores etnológicos e arqueológicos inerentes das tribos indígenas brasileiros. Por meio de objetos como cocais, vestimentas, instrumentos utilizados para o trabalho, entre outras coisas, foi possível perceber a diversidade existente entre as tribos indígenas, que também são vítimas de visões estereotipadas e preconceitos. 
Reconhecer a existência da diversidade, e acima de tudo respeitar o que foge do senso comum da sociedade a qual determinado indivíduo está presente, é um importante passo para combater as diferenças étnicas e culturais. Essa afirmação é feita, pois foi visto que os índios não devem ser taxados como grupos que realizam as mesmas práticas. Observaram-se diferenças entre os grupos indígenas, principalmente no modo de se vestir e na produção de ornamentos.
Os Pankararés, tribo indígena residente no norte da Bahia possui as vestes e rituais bastante diferentes de grupos étnicos oriundos do centro-oeste brasileiro.  Com isso, na Figura 1 é possível ver o Tonã, que é um traje religioso utilizado em rituais de cura. Esta veste é utilizada pelos Pankararés e por meio dela, pode-se constatar a influência de outras religiões em seus rituais de cura. Além da roupa, similar a de Omolu, orixá da cura, se observa também a presença de um tecido azul no qual está presente uma cruz, que pode estar relacionado ao cristianismo.

Figura 1 - Tonã



Outra grande diferença visualizada em relação aos indígenas, diz respeito à confecção dos cocais. Por serem oriundos de uma região sertaneja, os cocais dos Pankararés são bem menos coloridos e diversos do que os grupos indígenas de regiões que possuem uma variada fauna e flora durante todo o ano. Na figura 2 é apresentada cocais inerentes da região centro-oeste brasileira, ou seja, cocais criados por indígenas dos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul ou Goiás. 

Figura 2 – Cocais indígenas da região centro-oeste


A Figura 3 e 4 apresenta um recipiente o qual era utilizado para armazenar os corpos dos indígenas mortos. Os recipientes variavam de tamanho de acordo com o tamanho do corpo. 

Figura 3: Recipiente onde se enterravam os indígenas mortos



Figura 4 - Recipientes onde se enterravam os indígenas mortos




Outros objetos que favorecem ao conhecimento etnológica de um povo são apresentados na Figura 5. Percebe-se que as panelas possuem desenhos e pinturas e cada evento desse possui um significado. Ou seja, nada é feito aleatoriamente e existe toda uma simbologia por trás dessas pinturas. Observa-se também na Figura 5, a presença de pás que são utilizadas para a confecção de mandiocas.

Figura 5 – Panelas e pás para confecção de mandioca



Por meio das imagens apresentadas acima, é possível conhecer um pouco da etnologia indígena e desmitificar crenças de que todas as tribos possuem as mesmas práticas e hábitos. O Museu Etnográfico e Arqueológico apresenta uma diversidade de objetos que conseguem refletir as práticas culturais de povos indígenas por milhares de anos. Abaixo se apresenta algumas peças arqueológicas que conseguem contribuir para a construção da história e conhecimento desses povos.

Figura 6 – Objetos arqueológicos


            Na Figura 6 são apresentadas peças utilizadas na Idade da Pedra Lascada. Corresponde a pedras que foram utilizadas para cortes. Ressalta-se que cada pedra possuía uma característica especifica. Ou seja, a depender do objeto que seria cortado, utilizava-se um estilo de pedra. Observa-se também um crânio indígena dos séculos passados, que foi encontrado em escavações realizadas por arqueólogos no Brasil.
Em relação aos grupos étnicos negros, se observa também uma grande variedade de culturas, práticas e hábitos de um povo. É preciso entender, que antes de serem traficados para as colônias, os africanos possuíam práticas inerentes do seu povo e isso não deve ser desvinculados dos grupos étnicos africanos. Cada nação africana possuíam práticas, religiões e hábitos que não devem ser esquecidos, pois tudo isso constitui a formação de um povo.
E no Mafro se observa essa diversidade da cultura africana, visto que acolhe objetos de variadas nações Nigéria, Benin, Gana, Zaire, Angola, Senegal e entre outras. Seu acervo é constituído por braceletes, máscaras, instrumentos musicais, objetos utilizados no trabalho entre outros objetos que ajudam a compreender a cultura afro. Na Figura 7 se observa máscaras oriundas do Senegal e se entendida dentro do contexto o qual foi criada, se percebe a riqueza de conhecimentos intrínsecos nesses objetos.

Figura 7 – Máscaras do Senegal



Com a visita ao Mafro se percebeu também as grandes contribuições dos povos africanos para a cultura mundial. E uma que será aqui comentada será a metalurgia, prática que foi exercida em todo continente africano.  Os africanos foram os primeiros a utilizar o ferro no lugar da pedra e utilizou este objeto na constituição da sua arte. Outro importante fator no que diz respeito às produções de esculturas dos negros que costumam representar as mulheres como ser fértil, além de apresentar a importância da mulher para sociedade e ser representada como símbolo de poder. Isto pode ser observado na Figura 8.

Figura 8 – Esculturas que representam a fertilidade da mulher



Toda essa influência, tanto indígena quanto africana, é percebida na nossa sociedade soteropolitana atual. No Pelourinho, importante parte cultural da cidade, se observa a presença de práticas que foram herdadas dos nossos antepassados africanos e indígenas. Na Figura 9 pode ser percebida a capoeira desenvolvida pelos cidadãos da cidade do Salvador e sabe-se que a capoeira foi uma prática realizada desde os séculos passados por africanos, ainda escravizados nos grandes engenhos. Não podemos desvincular, dessa forma, as práticas, que atualmente ainda são realizadas pelo nosso povo, dos seus reais construtores. 


Figura 9 – Soteropolitanos jogando capoeira no Pelourinho


Visto tudo isso, é possível perceber a presença de práticas tantos indígenas quanto africanas nos costumes brasileiros dos dias atuais, principalmente em Salvador, onde está localizada a maior população negra depois da África. Ainda assim, é preciso pensar em temas como o preconceito e racismo que continuam bastantes presentes na atualidade. Isso ocorre devido ao crescimento em uma cultura que busca desvalorizar tais etnias da sociedade e torna-se uma bola de neve, que mesmo que seja difícil, é preciso criar meios para que se possa derreter esse grande problema. Desta forma, esta visita ao centro histórico de Salvador com uma visão mais critica favorece no reconhecimento da diversidade presente no povo.

Autora: Andresa Pinheiro
Vênus Negra – Relatando o filme
O filme conta a história de uma mulher Sul Africana que é capturada da cidade do Cabo e levada a Europa a fim de realizar espetáculos circenses como um animal selvagem, suas vestes eram transparentes e exibiam sua forma corporal, e nadegas bastante robustas que era um aspecto bastante explorado nas apresentações, pois durante as mesmas o público tinha a chance de tocar nelas, como se fosse algo sobre-humano. Durante o espetáculo ela ficava em uma jaula, não falava o idioma local e era exibida como Vênus Hotentonte (é nome designado pelos Europeus a um grupo étnico do sul da áfrica, que são pastores). Exibida como um animal, ela tinha que se comportar como o mesmo, com atitudes violentas, mostrando pretensão em atacar o publico, se jogando em cima deles. Reforçando a ideia do colonialismo Europeu do século XIX de que o Africano é um ser selvagem (e assim expandiam seu território), e a Europa o ser superior e iluminado que levaria a civilização para esse povo barbárie. O tratamento animalesco que é atribuído a ela é chocante. Diante desses atos, o seu dono foi levado ao tribunal com o objetivo de que esclarecesse esses episódios, mais a causa não vai adiante, pois ela nega o ocorrido dizendo que a mesma é uma atriz e isso faz parte do seu espetáculo.  O tempo passa e o caso é esquecido, ela é vendida como um bicho a outra pessoa que é domadora de animais que de modo mais violento a tratava como escrava, e via nela a oportunidade de enriquecimento fácil a submetendo não só a espetáculos circenses e terríveis, mais a shows particulares para alta sociedade em Paris, onde os convidados não só a tocavam, como a exploravam quase que sexualmente. A mesma não tinha autonomia sobre o seu corpo, era tratada como um objeto fonte de exploração alheia. Depois de tanta humilhação, ela passa a não aceitar mais a fazer o que se esperava que ela fizesse, e revoltado ele a abandona na rua. Sem ter para onde ir, e para sobreviver resolve se prostituir.  
Naquela época os anatomistas estavam estudando seres com formas e aspectos fisionômicos diferenciados, e isso chama atenção deles para Saartjie, que passa a se tornar um objeto de curiosidade, pois a mesma era dominada esquisita diante do fenótipo predominante.  Passam a estuda-la na tentativa de provar e divulgar a ideia que os Africanos são inferiores, e essas marcas se reflete nas suas feições.
Durante toda a vida, Vênus Negra foi marcada por explorações. Essa triste história finda quando a mesma contrai uma doença infecciosa que a leva a morte. O domador de animais sob a justificativa de pagar a despesa do seu enterro a vende a um anatomista da Escola Real de Medicina de Paris, que a dividiu de forma brutal a fim de fazer uma estátua do seu corpo para que fosse exibida e estudada pela instituição. Como os médicos já estavam interessados em estudar o corpo da moça ainda quando ela estava viva, eles não perderam a chance de explorar o corpo dela depois de morta.
Por esse motivo contra qualquer atitude racista, nada de campanhas publicitárias com fotos de bananas, termos macacos! No filme, Vênus é comparada a um Orangotango, sendo classificada assim como um animal a ser domado, submisso e inferior. Então não reproduza aquilo que te impõe. Existem palavras que são racistas na sua essência, e reforçam uma ideologia triste que precisa ser apagada das nossas mentes e corações.


“A ignorância não fica tão distante da verdade quanto o preconceito”

 (Denis Diderot)