⇛ A Importância
do Bairro da Caixa D´água na Cidade de Salvador
No século 16, o abastecimento de água em Salvador era feito diretamente através dos rios, lagos e fontes naturais da Cidade. Com o tempo, algumas fontes receberam uma estrutura de alvenaria. A Fonte do Queimado, localizada na divisa dos bairros da Lapinha e Caixa D'Água, foi descoberta pelos jesuítas por volta de 1600. O local é o berço do rio Queimado.
Em 1801, a fonte recebeu uma edificação em alvenaria. Em 1839, começou a ser construída a fábrica de tecidos de Santo Antônio do Queimado. A antiga Companhia de Águas do Queimado teve sua criação autorizada, em 17 de junho 1852, através da Lei Provincial nº 451, com instalações na antiga Fazenda Santo Antônio do Queimado, ao lado da fábrica de tecidos. A cidade de Salvador teve seu fornecimento de água contratado, pelo presidente da Província, com dois cidadãos que formam uma companhia e instalado em 1º de Fevereiro de 1853 com escritório na Rua Nova do Comércio, n.21, 1º andar. O diretor era Paulo Pereira Monteiro e o vice-diretor, o jurista baiano Francisco Antonio Pereira Rocha, um dos sócios fundadores.
A Companhia construiu uma represa no local e construiu cisternas e cacimbas pela Cidade. Em oito de dezembro de 1856, a água do Sistema do Queimado jorrou nos chafarizes importados da Europa, tornando-se a primeira no Brasil a distribuir água encanada à população. Eram extraída a água do açude e vertentes do Queimado, e distribuída a cidade por meio de Chafarizes, totalizando 22 chafarizes espalhados pela cidade, incluindo o Chafariz do Terreiro de Jesus.
Desde logo estabeleceram cinco chafarizes na Cidade Baixa, entre Água de Meninos e a Conceição da Praia, a sete na cidade Alta, da Cruz do Pascoal até o largo da Piedade. Todas as obras dos Chafarizes deveriam ficar prontas dentro de cinco anos, a contar de 1852. Em 1858, foi instalado, ao lado da ponte do Consulado, uma torneira para fornecimento de água aos navios. Foram também instaladas, na Cidade Baixa, onze torneiras para combate a incêndio, pelo sistema Mr. Mary, assentados desde o Corpo Santo até o trapiche Moncorvo. Em 1884, já eram 92 dessas torneiras em toda a Cidade.
.
.
A companhia não poderia vender a água por mais de vinte réis o pote ou barril de três canadas. Era concedida em 17 de janeiro de 1853, a companhia do Queimado o direito de Usufruir do contrato com o governo e de suas obras pelo prazo de 30 anos. O governo da Província concorreu com a quantia de 150:000$000, realizados dentro de três anos, para fornecimento de água a cidade. Algumas casas ou roças particulares, que contava com fontes dentro dos seus limites, daquelas se abasteciam, e vendiam o precioso liquido, pelo preço que lhes convinha.
Em 1856, a companhia fundada para fornecer água às cidades Alta e baixa, das vertentes do Queimado, havia canalizado mais de cem braças da água existente naquele brejo. Continuava ativamente suas obras e já se achava concluído o reservatório com a capacidade para 3.200 pipas; (era um conjunto de três reservatórios, um apoiado com mil m³ e dois elevados, em caixas metálicas, com cem m³ cada) as máquinas destinadas a suspender a água do brejo do Queimado até o reservatório ; também já se encontravam instaladas na Cruz do Cosme (atual bairro da Caixa D´água), lugar alto, permitindo fácil redistribuição. Eram duas máquinas a vapor, de alta pressão, assentadas paralelamente na rocha viva, e cantaria de Lisboa. O sistema usava bombeamento acionado a vapor, pois não existiam sistemas de energia elétrica na época.
Aspiravam a água recebida que elevava à altura do depósito; ali existia uma galeria na qual a água era filtrada por meio de 20 litros de lã, antes de entrar no reservatório. Gastava-se uma tonelada de carvão para suspender 3.200 pipas do liquido até o reservatório. Dali a água era distribuída pelos encanamentos que já, nessa data, havia atingido o Cais Dourado, na Cidade Baixa, e a rua do Tijolo na alta. Dados apontam que o reservatório foi inaugurado oficialmente em 1859, com a presença de D. Pedro II.
Em 1860, de acordo com a Fala do Presidente da Bahia na Assembleia, Herculano Ferreira Penna, a Companhia possuía também uma grua hidráulica no Cais, junto à Praça do Comércio, para o abastecimento de água dos navios. Nessa época, algumas das principais ruas da Cidade já possuíam encanamento e construíam-se grandes artérias para abastecer a Cidade, desde a Barra até o Bonfim. A venda de água nos chafarizes chegava a 13 mil barris por dia, no verão, e nas penas d'água atingia 8 mil barris. Pretendia-se estender os encanamentos a todas as ruas e becos. As ações da Companhia estavam bem valorizadas
O contrato foi renovado em 22 de dezembro de 1870, com base em lei de 17 de junho do mesmo ano. Nesse novo contrato, a Companhia estava obrigada a começar, dentro de um ano, as obras para o encanamento das águas do Riacho Negrão, Fonte da Telha e Rio Camarojipe (Camarajipe), e as concluir no prazo de quatro anos. Além disso, a Companhia estava autorizada a instalar novos chafarizes e obrigada a construir quatro casas de banho.
Os reservatórios elevados da Cruz do Cosme eram popularmente conhecidos como caixa d'água e esse ficou o nome do bairro. Hoje, as caixas são em alvenaria e muito maiores. Em 1905, a Companhia do Queimado foi adquirida pelo Município e funcionou no local até 1930.
Em 1926, o Governo da Bahia assumiu a responsabilidade pelo abastecimento de água de Salvador. Hoje, as instalações pertencem à Embasa (Empresa Baiana de Águas e Saneamento), uma empresa de economia mista, criada em 1971, cujo acionista majoritário é o Governo do Estado da Bahia.
Junto ao reservatório elevado, funciona o Museu Arqueológico da Embasa, inaugurado em 2006. O Parque do Queimado é um centro cultural, tombado pelo Iphan, desde 1937, junto com a Fonte do Queimado. Em dezembro de 2014, parte das instalações foram cedidas ao Programa Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba).
Nenhum comentário:
Postar um comentário